Axs amigxs e amores da minha vida, axs mxs companheirxs de lutas e aventuras, axs anarquistas e todxs xs quais que têm interesse pela minha situação, escrevo essas pocas linhas por atualizá-lxs e dar notícias sobre o caso repressivo que me envolve. Minha captura ocorreu em casa dos meus pais o dia sexta feira 12 de junho de manhã, por mão dos ROS de Roma acompanhados pelos carabineiros da delegacia local.  Após duma larga perquisição, que interessou principalmente material impresso presente a van onde eu dormia e o quarto que aí utilizo, confiscaram um grande número de manifestos, cartazes, livros, revistas (eles disseram que algumas “lhes faltavam”), correspondência particular, agendas, cadernos, notas, vários manuscritos, todos os computadores e os suportes de memória externas encontrados na habitação, dois telefones,  um cartão SIM, uma câmara digital; também os sapatos que vestia, louvas, “neckwarmer” e uma máscara de gás de tipo militar. Ao mesmo tempo me notificaram uma ordem de prisão preventiva por participação a uma associação com finalidade de terrorismo e subversão a ordem democrática. Eu sou também acusado a vario título de danificação, entupimento, manifestação não autorizada, furto, instigação criminosa; a maioria dos crimes referidos é associada à solidariedade com xs suspeitxs e com xs presxs da operação “Panico”. A operação que me toca (chamada operação “Byalistock”) é o resultado duma intensa atividade de investigação iniciada em consequência duma ação assinada FAI / Célula Santiago Maldonado ocorrida em Roma o dia 7/12/2017, e também pela preocupação das autoridades repressivas por algumas ações diretas ocorridas na capital nos últimos anos (na disposição são mencionados alguns incêndios de carros do serviço car-sharing Eni Enjoy, o incêndio duma torre telefónica Vodafone, enquanto a midia fala até de feitos que remontam à há mais de 10 anos, ou seja do atentado à bomba numa delegacia dos carabineiros do 2010, a um banco do 2012, ao tribunal de Civitavecchia do 2016 e dum ocorrido em 2017 contra a sede Eni) e para o período de possível instabilidade social que vai seguir a emergência Covid-19. Nos papeis a minha disposição se fala também de relações internacionais com a Grécia (por uma viagem minha em novembro-dezembro 2018), no Chile (por uma visita duma companheira no Bencivenga Occupato em setembro 2018) e com Berlim (aparentemente só por uma ação assinada FAI ocorrida nessa cidade em outubro do mesmo ano), e também ideológicas com Alfredo Cospito, anarquista detido pelos ferimentos nas pernas (gambizzazione em italiano) e várias ações assinadas Federazione Anarchica Informale.
Conseguintemente fui preso numa seção de isolamento na prisão de Rieti para os 14 dias de quarentena, adotada como medida pela administração penitenciaria para conter a difusão do vírus Covid-19 no interior das prisões. Nós novos chegados estamos presos em celas de aproximadamente 3,5 m x 2,5 m no rés-do-chão na esquina sul-oeste da estrutura. A partir de quarta-feira 17 de junho finalmente estamos tendo 40 minutos de ar cada um. A seção está completa e conseguimos fazer parceria e ajuda-nos como possível. Eu me encontro bem, meu astral é bom e até agora nada me falta na prisão. Ouvi o saludo domingo passado e recebei muitos telegramas e cartas, todas coisas que contribuíram a dar-me força nestes dias tão largos.
Agradeço muito a todxs por este apoio. Espero de ser mudado numa outra prisão com seções de alta vigilância entre os 14 dias de quarentena. Entre 15 dias a partir de hoje, deveria ter o reexame que irá pronunciar-se sobre a aplicação das medidas de controle sobre mim e sobre xs outrxs 6 suspeitxs detenidxs. Aproveito desta oportunidade para enviar uma calorosa saudação a elxs e a vocês todxs. Meu coração fica com vós.
Prisão de Rieti       19/06/2020
Nico